Mas este Francisco de quem vou falar foi diferente dos Franciscos que hoje andam por ai.
Para esse Francisco tudo o que somos e temos é propriedade de Deus Pai. Por esta razão, o homem, a mulher, os pobres, os ricos... e enfim, toda a criação merece o nosso respeito e o nosso cuidado.
Esse Francisco, nasceu em berço de ouro, de boa família, com muitos ricos amigos. Ele poderia ter escolhido muitos caminhos de grandeza, de glória, mas preferiu ouvir a voz do Senhor, se encantou com sua vida, com seu evangelho e optou por trilhar caminhos árduos de espinhos, sofrimentos e provações... o caminho da pobreza material, mas de riquezas divinas.
Em sua inquietude de jovem, angústias por respostas a sentimentos e coisas que não entendia, a ansiedade de sua alma e batalhas solitárias para entender aquele apelo sentido aos pés do crucificado e que enraizava em seu coração, ele finanlmente encontrou as respostas à todas suas interrogações, às suas buscas no amor ao Corpo Místico de Jesus e ao seu evangelho.
Esse Francisco não foi um Francisco comum!!... ele se transformou em sol de Grandeza porque se refugiou na extrema humildade. Imitou com perfeição, atenção, esforço, dedicação e fervor os passos de Jesus. Despojou-se por inteiro, e com o imenso amor por seu Mestre, tornou-se um rio que irrigou o mundo inteiro.
Assim como Jesus, esse Francisco preferiu os excluídos, os indigentes, os doentes, idosos, os marginalizados, os leprosos e todos aqueles que carregavam a cruz do Sofrimento. Para esses, se transformou em companheiro de caminhada, conforto, amor, solidariedade e caridade.
Falar desse Francisco, é falar de um jovem que soube escolher o melhor caminho, não o mais fácil... mas o melhor caminho, mesmo sabendo que não seria um caminho de flores, mas foi o caminho que o levou a sua maior glória conquistada: a Glória Eterna.
Não!!! Esse Francisco não foi um homem comum, não é como muitos Franciscos que andam por ai...
Esse Francisco soube transformar o seu mundo e sua época com príncipios simples e nobres. Acolheu realmente o universo como obra e criação pura de Deus e louvava o Criador por todas as suas obras e sabia quem era o Autor de todas as criaturas. Exultava com todas as maravilhas vindas das mãos do Senhor.
Esse Francisco... esse Francisco jamais poderá ser chamado de comum, porque ele transformou o que há de mais comum e simples em algo maravilhoso aos nossos olhos e à nossa percepção.
E esse Francisco, ao se despojar de todas as riquezas e grandezas materiais, alcançou o que de mais sublime um homem poderia viver, que é estar repleto pelo Criador.
Esse Francisco que foi tão diferente dos Franciscos que hoje encontramos aqui, também está em cada um desses Franciscos que estão por aí, em cada João, Pedro, Luiz, Josés... porque ele amou cada ser humano e cada criatura, como amou o Criador de todos eles.
Esse Francisco foi o profeta da paz, poeta do amor, símbolo da caridade.
E deixa para nós, além de seu exemplo de vida, humildade, de despojamento total, uma das mais belas lições de amor ao próximo a Nosso Senhor.
E nesta poesia, transformada em Canção, exprime tudo o que foi, o que viveu, e nos mostra o caminho por onde começar:
"Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz
Senhor, fazei-me instrumento de vosso amor
Onde Houver ódio, que eu leve o amor
Onde houver ofensas, que eu leve o perdão
Onde houver discórdias, que eu leve a união
Onde houver dúvidas, que eu leve a fé
Onde houver desespero, que eu leve a esperança,
Onde houver tristeza, que eu leve a alefria
Onde houver trevas, que eu leve a luz.
Ó Mestre, fazei com que eu procure mais consolar que ser consolado. Que eu procure mais amar, que ser amado.Compreender, que ser compreendido
Amar, que ser amado
Pois é dando que se recebe, é perdoando que se é perdoado. e é morrendo que se vive para a vida eterna".
Que possamos almejar o que Francisco almejou, que possamos levar um pouco à outros Franciscos, João, Pedros, Josés, Marias... o que esse Fancisco levou a todas as criaturas.
Que possamos almejar esta humildade, pureza de coração e amor incondicional ao próximo e à Jesus, e com isso alcançar quem sabe, um pedacinho do Céu também hoje.
Branca
Caminho de Assis
Quando o sol queimar os egoísmos
E a cidade voltar ao ritmo das crianças,
Quando o sonho encontrar seu mar
E a montanha o seu Alverne...
Um novo Cântico do Sol encherá o céu
De versos inéditos de Francisco.
Quando formos capazes
De descer do nosso próprio cavalo
Para beijar o leproso
E caminhar a pé, com ele Cireneu,
Sem temer a indiferença das maiorias...
Só então nossos discursos
Irão além das boas intenções.
Quando nossas janelas, estradas e canções
Tiverem olhos e ouvidos de Francisco...
Para todas as paisagens haverá um pintor,
Para todas as borrascas um arco-íris
E para todos os sofrimentos uma Páscoa.
As nossas palavras serão de Paz e Bem,
As nossas construções de fraternidade;
E quando o futuro despertar a noite
O mundo será da cor dos corações.
Quando nos despirmos, como Francisco,
De todas as roupas e ambições,
Das máscaras, preconceitos e plágios,
Das hipocrisias e ilusões do consumo,
De todas as maquilhagens e prisões sociais...
Nesse dia, remidos de todas as mentiras,
Teremos ganho a verdade que liberta.
Quando entregarmos a capa ao pobre,
(porque o irmão vale mais que a roupa),
quando oferecermos a Bíblia à viúva
(porque a caridade vale mais que a Palavra de Deus),
quando partilharmos o pão que mendigamos
(porque a vida vale mais que o alimento),
quando gastarmos tempo com o doente
(porque o doente vale mais que o tempo)...
então Assis ficará mais perto;
em cada mulher haverá um coração de Clara
e em cada homem, um rosto de Francisco.
Frei Manuel Rito Dias
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